segunda-feira, 7 de dezembro de 2015

OS DESAPEGADOS QUE ME DESCULPEM, MAS COMPANHIA É FUNDAMENTAL





Confesso que às vezes me sinto uma estranha em meio à minha geração. Vejo pessoas pregando o desapego, a autossuficiência e o culto aos encantos da solidão e me pergunto onde eu estava quando ensinaram para essa gente toda que estar só é tão bom.
Concordo que aprender a curtir a minha própria companhia é o primeiro passo rumo à maturidade e ao amor próprio. Concordo que o silêncio e necessário vez ou outra em nossas vidas. Concordo que saber conviver harmoniosamente com o vazio é sinal de sabedoria e que estar sozinho de vez em quando pode significar um alívio em tempos de irritação.
Ainda assim, confesso: EU PRECISO DAS PESSOAS. Preciso do cheiro delas. Preciso das vozes. dos toques. das risadas. Das sabedorias. Eu me alimento de companhias e é nas relações que cultivo dia após dia que encontro energia para abastecer a vida com pequenas alegrias. Eu não me abuso. Eu preciso das pessoas até para aprender a ser mais feliz quando estou sozinha.
Se a solidão fosse assim tão bom, acredito que a comunicação nem existiria. Para que pombo-correio? Cartão-postal? Telefone? E-mail? Facebook? Twitter? Skype? Grupos no Whastapp? É… Nós definitivamente precisamos de companhia.
Quando digo isso, falo de absolutamente todas as pessoas que fazem parte do nosso dia-dia. Falo da conversa com porteiro do seu trabalho, do abraço de um amigo, do encontro inesperado com uma tia. É nas relações mais banais e corriqueiras que satisfazemos nossas necessidades diárias de contato e companhia.
Hoje, consciente das minhas fraquezas nos momentos em que me sinto de fato sozinha, eu desconfio que a autossuficiência seja uma grande farsa . Acho que é o discurso do narcisista que sonha em não precisar de ninguém para lhe trazer um bocado extra de alegria. Acho que é preciso cuidar com carinho e gratidão das pessoas que nos cercam porque sem dúvida elas também precisam das risadas, cheiros, abraços e sabedorias de uma boa companhia.

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